A Teoria da Equidade de Adams: Percepção de Justiça Organizacional e Seus Efeitos no Comportamento dos Funcionários
- Autor: Julia Isabel Silva Nonato

- 23 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
A motivação dos funcionários no ambiente de trabalho está diretamente relacionada à maneira como percebem a justiça nas relações organizacionais. A Teoria da Equidade, proposta por J. Stacy Adams em 1963, é um dos modelos mais relevantes para entender como os trabalhadores avaliam sua posição em relação aos colegas e como essa percepção impacta seu comportamento, satisfação e desempenho no trabalho.
Esta teoria sugere que os indivíduos comparam seus esforços e recompensas com os de outros colaboradores e que qualquer percepção de desigualdade pode gerar reações emocionais e comportamentais que afetam a produtividade e o comprometimento com a organização.
A Teoria da Equidade baseia-se na premissa de que os funcionários avaliam suas contribuições e recompensas em comparação com as de seus colegas. De acordo com Adams, essas comparações ocorrem com base em dois fatores principais:
Entradas (Inputs): São os esforços, habilidades, experiência, dedicação, tempo de trabalho e qualquer outra contribuição que o funcionário oferece à organização.
Saídas (Outputs): São as recompensas que o trabalhador recebe em troca de suas contribuições, como salário, benefícios, reconhecimento, promoções e segurança no emprego.
A equidade é percebida quando um funcionário acredita que a relação entre seus inputs e outputs é proporcional à de seus colegas. Por outro lado, quando há uma discrepância, surgem sentimentos de injustiça que podem levar a comportamentos disfuncionais.
As Três Situações de Equidade e Inequidade
De acordo com Adams, há três possíveis cenários no ambiente de trabalho:
Equidade Percebida: Quando o funcionário percebe que sua proporção de esforços e recompensas é justa em relação aos outros. Nesse caso, há maior satisfação e engajamento no trabalho.
Inequidade Negativa: Ocorre quando o funcionário percebe que está recebendo menos recompensas do que seus colegas, mesmo com esforços semelhantes ou superiores. Isso pode levar a sentimentos de frustração, desmotivação e insatisfação.
Inequidade Positiva: Ocorre quando o funcionário acredita estar recebendo mais recompensas do que seus colegas com o mesmo nível de esforço. Isso pode gerar culpa ou desconforto, levando o indivíduo a modificar seu comportamento para equilibrar a situação.
Efeitos da Percepção de Injustiça no Comportamento dos Funcionários
Quando os trabalhadores percebem que há injustiça no ambiente de trabalho, podem reagir de diversas formas, impactando a produtividade e o clima organizacional. Entre os principais efeitos da inequidade, destacam-se:
Redução do esforço e da produtividade: Funcionários que se sentem injustiçados tendem a diminuir o ritmo de trabalho, seja reduzindo a qualidade ou quantidade das tarefas realizadas.
Aumento da rotatividade: A insatisfação gerada pela percepção de injustiça pode levar os funcionários a procurar novas oportunidades de trabalho.
Comportamentos contraprodutivos: Algumas reações incluem aumento de absenteísmo, menor colaboração com colegas e até atitudes negativas, como boicote ou sabotagem.
Mudança na percepção das recompensas: Os trabalhadores podem tentar justificar a situação alterando sua percepção sobre a importância de certos benefícios ou salários.
Busca por reequilíbrio: Quando possível, os funcionários podem negociar aumentos salariais, promoções ou outras formas de compensação para restabelecer a equidade.
Como as Organizações Podem Promover a Equidade?
Para evitar os efeitos negativos da percepção de injustiça, as organizações devem adotar práticas que garantam maior transparência e equidade na distribuição de recompensas e oportunidades. Algumas estratégias incluem:
1. Transparência na Comunicação
Critérios claros para promoções, aumentos salariais e distribuição de benefícios minimizam dúvidas e percepções equivocadas sobre a equidade organizacional.
2. Avaliação Justa e Objetiva de Desempenho
Sistemas de avaliação devem ser baseados em critérios claros, mensuráveis e alinhados aos objetivos da empresa.
3. Política Salarial Coerente
As organizações devem garantir que a estrutura salarial seja competitiva e coerente entre funções semelhantes.
4. Oportunidades Iguais de Crescimento
Programas de desenvolvimento profissional devem ser acessíveis a todos, garantindo igualdade de oportunidades.
5. Cultura Organizacional Baseada na Justiça
Um ambiente justo e respeitoso aumenta o engajamento e a satisfação dos funcionários.
A Teoria da Equidade de Adams destaca a importância da percepção de justiça no ambiente de trabalho. Organizações que adotam políticas transparentes, avaliações justas e oportunidades iguais criam um ambiente mais saudável, produtivo e sustentável a longo prazo.
Referências
Adams, J. S. (1963). Toward an understanding of inequity. Journal of Abnormal and Social Psychology, 67(5), 422–436.
Adams, J. S. (1965). Inequity in social exchange. In L. Berkowitz (Ed.), Advances in experimental social psychology (Vol. 2, pp. 267–299). 1 Academic Press.
Adams, J. S. (1966). A comparative approach to social exchange. In K. W. Back (Ed.), Stochastic models in the social sciences (pp. 69–81). University Council on Research, University of North Carolina at Chapel Hill.




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