Burnout no Trabalho à Luz da Teoria de Maslach e Jackson: Fatores de Risco e Prevenção
- Autor: Julia Isabel Silva Nonato

- 30 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
O burnout é um fenômeno psicossocial caracterizado por exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal no trabalho. Descrito inicialmente por Christina Maslach e Susan Jackson na década de 1980, o burnout tem sido amplamente estudado como uma consequência do estresse crônico no ambiente laboral (Maslach & Jackson, 1981). Este artigo explora a Teoria de Maslach e Jackson sobre o burnout, identificando os principais fatores de risco e estratégias de prevenção, com o objetivo de contribuir para a promoção de ambientes de trabalho mais saudáveis e sustentáveis.
Desenvolvimento
1. A Teoria de Maslach e Jackson sobre Burnout
A Teoria de Maslach e Jackson define o burnout como uma síndrome multidimensional composta por três dimensões principais:
Exaustão emocional: Sensação de esgotamento físico e emocional devido ao trabalho.
Despersonalização: Desenvolvimento de atitudes cínicas e distanciamento emocional em relação ao trabalho e às pessoas com quem se interage.
Redução da realização pessoal: Sentimento de incompetência e falta de realização no trabalho (Maslach & Jackson, 1981).
Essas dimensões interagem entre si, criando um ciclo vicioso que pode levar a graves consequências para a saúde mental e física dos colaboradores, além de impactar negativamente o desempenho organizacional.
2. Fatores de Risco para o Burnout
O burnout está associado a uma combinação de fatores individuais, organizacionais e contextuais. Entre os principais fatores de risco, destacam-se:
Carga de trabalho excessiva: Longas jornadas de trabalho e alta demanda de tarefas.
Falta de controle: Pouca autonomia para tomar decisões relacionadas ao trabalho.
Recompensas inadequadas: Salários baixos, falta de reconhecimento e oportunidades limitadas de crescimento.
Falta de suporte social: Isolamento no ambiente de trabalho e ausência de apoio de colegas e supervisores.
Conflitos de valores: Incompatibilidade entre os valores pessoais e os da organização (Maslach, Schaufeli, & Leiter, 2001).
Estudos demonstram que profissionais em áreas de alta demanda emocional, como saúde, educação e serviços sociais, são particularmente vulneráveis ao burnout (Schaufeli & Enzmann, 1998).
3. Consequências do Burnout
O burnout tem impactos significativos tanto para os indivíduos quanto para as organizações. No nível individual, está associado a:
Problemas de saúde mental: Depressão, ansiedade e insônia.
Problemas de saúde física: Doenças cardiovasculares, distúrbios gastrointestinais e enfraquecimento do sistema imunológico.
Redução da qualidade de vida: Dificuldades nas relações pessoais e familiares (Ahola et al., 2006).
No nível organizacional, o burnout está relacionado a:
Aumento do absenteísmo e rotatividade: Colaboradores exaustos tendem a faltar mais e a deixar a organização.
Queda na produtividade: Redução do desempenho e da qualidade do trabalho.
Custos financeiros: Gastos com saúde, treinamento de novos colaboradores e perda de talentos (Leiter & Maslach, 2005).
4. Estratégias de Prevenção e Intervenção
A prevenção do burnout requer uma abordagem multifacetada, envolvendo ações no nível individual e organizacional. Entre as principais estratégias, destacam-se:
Promoção de um ambiente de trabalho saudável: Redução da carga de trabalho, aumento da autonomia e melhoria das condições laborais.
Fortalecimento do suporte social: Criação de redes de apoio entre colegas e supervisores.
Programas de bem-estar: Oferecimento de atividades que promovam a saúde física e mental, como terapia, exercícios físicos e mindfulness.
Treinamento e desenvolvimento: Capacitação dos colaboradores para lidar com o estresse e gerenciar suas emoções.
Reconhecimento e recompensas: Valorização do trabalho dos colaboradores por meio de incentivos financeiros e não financeiros (Maslach & Leiter, 2016).
Conclusão
O burnout é um desafio significativo no mundo do trabalho contemporâneo, com impactos profundos para os indivíduos e as organizações. A Teoria de Maslach e Jackson oferece uma base sólida para compreender e enfrentar esse fenômeno, destacando a importância de intervenções que abordem tanto os fatores individuais quanto os organizacionais. Futuras pesquisas podem explorar como as mudanças no mundo do trabalho, como o aumento do trabalho remoto e a automação, influenciam a prevalência e a prevenção do burnout.
Referências
Ahola, K., Honkonen, T., Isometsä, E., Kalimo, R., Nykyri, E., Koskinen, S., & Lönnqvist, J. (2006). Burnout in the general population: Results from the Finnish Health 2000 Study. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 41(1), 11-17. https://doi.org/10.1007/s00127-005-0011-5
Leiter, M. P., & Maslach, C. (2005). Banishing burnout: Six strategies for improving your relationship with work. Jossey-Bass.
Maslach, C., & Jackson, S. E. (1981). The measurement of experienced burnout. Journal of Organizational Behavior, 2(2), 99-113. https://doi.org/10.1002/job.4030020205
Maslach, C., & Leiter, M. P. (2016). Burnout: A brief history and how to address it. Wiley.
Maslach, C., Schaufeli, W. B., & Leiter, M. P. (2001). Job burnout. Annual Review of Psychology, 52(1), 397-422. https://doi.org/10.1146/annurev.psych.52.1.397
Schaufeli, W. B., & Enzmann, D. (1998). The burnout companion to study and practice: A critical analysis. Taylor & Francis.




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