Motivação no Trabalho: A Influência das Teorias Intrínsecas e Extrínsecas no Desempenho e Satisfação dos Colaboradores.
- Autor: Julia Isabel Silva Nonato

- 2 de out. de 2023
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Resumo:A motivação no trabalho é um dos principais fatores que influenciam o desempenho e a satisfação dos colaboradores. Este artigo analisa as principais teorias da motivação, distinguindo entre motivação intrínseca e extrínseca, e como elas afetam o comportamento dos funcionários no ambiente de trabalho. O artigo explora teorias clássicas como a Teoria da Motivação Humana de Maslow, a Teoria dos Dois Fatores de Herzberg, a Teoria da Autodeterminação e a Teoria das Expectativas, fornecendo uma visão detalhada sobre como esses conceitos podem ser aplicados para melhorar a motivação no trabalho. Além disso, são discutidas as implicações dessas teorias para as práticas organizacionais, com foco em estratégias para aumentar a satisfação e o desempenho dos colaboradores.
Palavras-chave:Motivação no trabalho, motivação intrínseca, motivação extrínseca, satisfação no trabalho, desempenho no trabalho, teorias motivacionais.
1. IntroduçãoA motivação no ambiente de trabalho é um tema central para a psicologia organizacional, pois está diretamente relacionada ao desempenho e à satisfação dos colaboradores. Organizações que conseguem motivar seus funcionários de forma eficaz tendem a apresentar maior produtividade, melhores resultados e um ambiente de trabalho mais saudável. A motivação pode ser intrínseca, quando a pessoa é movida por fatores internos, como interesse ou prazer na atividade, ou extrínseca, quando é impulsionada por recompensas externas, como dinheiro ou reconhecimento.
Este artigo revisa as principais teorias da motivação, analisa suas implicações para o desempenho organizacional e discute como elas podem ser aplicadas no ambiente de trabalho para aumentar a satisfação e a produtividade dos colaboradores.
2. Teorias da Motivação no TrabalhoAs teorias da motivação podem ser divididas em duas categorias principais: as teorias intrínsecas, que se concentram nos fatores internos que impulsionam os indivíduos a agir, e as teorias extrínsecas, que se concentram nos fatores externos.
Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow (1943): Abraham Maslow propôs que as necessidades humanas são hierárquicas e que as necessidades mais básicas devem ser atendidas antes que as mais elevadas se tornem motivadoras. As necessidades são organizadas em cinco níveis: fisiológicas, segurança, sociais, estima e autorrealização. No ambiente de trabalho, isso implica que as organizações devem primeiro satisfazer as necessidades básicas dos colaboradores (como salário e segurança no trabalho) antes de esperar que busquem realização através de desafios mais elevados (como desenvolvimento pessoal e reconhecimento).
Teoria dos Dois Fatores de Herzberg (1959): Frederick Herzberg sugeriu que existem dois tipos de fatores que influenciam a motivação no trabalho: os fatores higiênicos (extrínsecos) e os motivadores (intrínsecos). Os fatores higiênicos, como salários e condições de trabalho, são necessários para evitar a insatisfação, mas não motivam ativamente os funcionários. Por outro lado, os motivadores, como oportunidades de crescimento, reconhecimento e realização, são aqueles que realmente impulsionam a motivação e aumentam a satisfação no trabalho.
Teoria da Autodeterminação (Deci & Ryan, 1985): A Teoria da Autodeterminação foca em como a motivação intrínseca e extrínseca afeta o comportamento humano. De acordo com essa teoria, a motivação intrínseca ocorre quando as pessoas realizam atividades por prazer ou satisfação pessoal, enquanto a motivação extrínseca envolve ações que são realizadas para alcançar uma recompensa ou evitar uma punição. A teoria sugere que os indivíduos são mais motivados quando suas necessidades psicológicas básicas de competência, autonomia e pertencimento são atendidas.
Teoria das Expectativas de Vroom (1964): A Teoria das Expectativas postula que a motivação dos funcionários depende da expectativa de que suas ações resultarão em um resultado desejado. A teoria sugere que as pessoas fazem escolhas baseadas em três fatores: a expectativa (a crença de que o esforço levará ao desempenho desejado), a instrumentalidade (a crença de que o desempenho levará a uma recompensa) e a valência (o valor que a recompensa tem para o indivíduo). No ambiente de trabalho, essa teoria implica que as organizações devem garantir que os colaboradores acreditem que seu esforço resultará em desempenho e que esse desempenho será recompensado adequadamente.
3. Motivação Intrínseca vs. Motivação ExtrínsecaAs duas formas de motivação, intrínseca e extrínseca, têm impactos distintos no comportamento dos colaboradores. A motivação intrínseca está frequentemente associada a maior satisfação e envolvimento com o trabalho. Indivíduos motivados internamente buscam tarefas que ofereçam desafios, crescimento pessoal e um senso de realização. Eles tendem a demonstrar maior persistência e criatividade nas tarefas, além de uma maior dedicação ao trabalho.
Por outro lado, a motivação extrínseca, embora muitas vezes eficaz a curto prazo, pode ser menos sustentável. Quando as recompensas externas, como salários elevados, bônus ou reconhecimento, são o principal motor da motivação, os funcionários podem se concentrar mais nas recompensas do que no trabalho em si. Isso pode levar a uma diminuição da satisfação a longo prazo, especialmente se as recompensas não forem percebidas como justas ou adequadas.
As organizações devem, portanto, equilibrar as estratégias motivacionais, oferecendo tanto incentivos extrínsecos quanto oportunidades para a motivação intrínseca. Um bom exemplo disso é a promoção de um ambiente de trabalho que permita o crescimento profissional e a autonomia, enquanto também oferece recompensas adequadas por desempenho.
4. Implicações para as OrganizaçõesA compreensão das teorias da motivação tem implicações diretas nas práticas organizacionais. As organizações que desejam aumentar o desempenho e a satisfação de seus colaboradores devem adotar uma abordagem equilibrada que leve em conta tanto os fatores motivacionais extrínsecos quanto os intrínsecos.
Aplicação de Motivação Intrínseca: Organizações podem criar um ambiente de trabalho que promove o desenvolvimento de habilidades, a autonomia e o reconhecimento. Oferecer oportunidades para o crescimento profissional, como programas de treinamento e desenvolvimento, pode aumentar a motivação intrínseca dos colaboradores. Além disso, tarefas desafiadoras e interessantes que proporcionem um senso de realização pessoal também são fundamentais para manter a motivação interna dos funcionários.
Aplicação de Motivação Extrínseca: As recompensas extrínsecas, como salários competitivos, bônus e benefícios, continuam a ser importantes para atrair e reter talentos. No entanto, essas recompensas devem ser bem estruturadas e ligadas ao desempenho individual e organizacional. Além disso, a transparência nas políticas de recompensas e o reconhecimento regular dos esforços dos colaboradores são essenciais para manter um nível adequado de motivação extrínseca.
Equilíbrio entre Motivação Intrínseca e Extrínseca: A chave para uma motivação eficaz no ambiente de trabalho é o equilíbrio. As organizações devem criar estratégias que atendam às necessidades intrínsecas de seus colaboradores (como crescimento e realização) e, ao mesmo tempo, recompensar adequadamente o desempenho com incentivos extrínsecos. Esse equilíbrio é essencial para criar um ambiente de trabalho sustentável e de alto desempenho.
5. ConclusãoA motivação no trabalho é um fator crucial para o desempenho e a satisfação dos colaboradores. As teorias da motivação, como as de Maslow, Herzberg, Deci & Ryan e Vroom, oferecem insights valiosos sobre como diferentes tipos de motivação influenciam o comportamento organizacional. As organizações devem adotar uma abordagem equilibrada, que combine motivação intrínseca e extrínseca, para criar um ambiente de trabalho onde os colaboradores estejam não apenas motivados, mas também satisfeitos e engajados. A implementação de estratégias eficazes de motivação pode resultar em maior produtividade, maior satisfação no trabalho e um desempenho organizacional superior.
Referências
Deci, E. L., & Ryan, R. M. (1985). Intrinsic motivation and self-determination in human behavior. Plenum Press.
Herzberg, F. (1959). The motivation to work. John Wiley & Sons.
Maslow, A. H. (1943). A theory of human motivation. Psychological Review, 50(4), 370-396. https://doi.org/10.1037/h0054346
Vroom, V. H. (1964). Work and motivation. Wiley.




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